Era: o mistério francês da música sacra contemporânea
Um dia eu ouvi Ameno e desde então nada mais foi o mesmo. Entrei no meu próprio mundo de misticismo, espíritos e magia. Os anos se passaram, os fascínios da juventude também, mas o primeiro álbum do grupo "Era" nunca me deixou entediado. Eles ainda são muito importantes para mim, embora eu os ouça raramente.
Toda a história começa em 1998, quando pudemos ouvir "Ameno" ou "Mother" pela primeira vez. Logo depois o compositor do grupo, Eric Levi, junto a seus seis bailarinos, visitou alguns países para promover o primeiro álbum. Esse álbum perfeito foi sucesso imediato e vendeu cerca de 5 milhões de cópias. A mistura de realidade e lendas medievais, a música rock com o coral de música sacra, a incrível atmosfera... tudo isso fez milhares de pessoas se apaixonarem por suas músicas e "Ameno" não deixou o lugar de topo nas paradas.
O segundo álbum, chamado simplesmente "Era 2", acabou por ser - pelo menos no meu caso - uma surpresa total. Obras primas nunca podem ser repetidas e Eric Levi confirmou essa máxima. "Era 2" não atingiu o nível do primeiro álbum ... Não, eu deveria ter expresso na outra maneira: é simplesmente uma música diferente, quase desprovida de escuridão, mas, felizmente, não de mistério. O misticismo permaneceu, embora o seu nível não fosse muito elevado.
"Era 2" parecia ser um complemento ideal da "Era" e eu pensei que a produção artística de Eric Levi com este tema iria acabar. Infelizmente isso não aconteceu. Enquanto ao ouvir os dois primeiros álbuns de Era, cantadas em uma espécie de pseudo-latim, eu tivesse apenas a impressão de estar ouvindo um tipo de música sacra ou canto gregoriano, seu terceiro álbum - "The Mass" - buscou referências diretas na religião não apenas em seu título, mas também nas letras tiradas de missas. Se no início da banda eu não me incomodava com a mistura de sons modernos e sacros, agora sentia-os dolorosamente. Eu estava sob a impressão de perfeição antes de "The Mass", mas não encontrei quase nada de especial nas composições deste álbum. Definitivamente o compositor não conseguiu criar um bom material.
Depois disso, não tivemos que esperar muito para "The very best of". Ao falar disso no momento, talvez eu esteja provavelmente desperdiçando meus dedos... Em primeiro lugar, quando alguém não tem uma produção musical grande, liberando 'o melhor de' demonstra ou grave indisposição para compôr ou uma preocupação muito mais financeira do que artística. Em segundo lugar, Eric Levi deveria ter sido guiado pelo gosto dos ouvintes, não o seu próprio - o que, infelizmente, foi o que aconteceu.
Muitos de nós pensamos que a imaginação musical de Eric Levi falhou ao lançar "o melhor de" - álbum com nenhum material novo. Mas foi apenas uma impressão. Logo em seguida, um novo álbum Era fo lançado - chamado "Reborn" - que introduziu uma nova atmosfera. Há uma mistura que é maior do que a ouvida em "The Mass": sons da Era original com canto coral, vozes árabes e ritmo de discoteca. Não, Reborn em nada se parece com o que esperávamos desde o primeiro álbum - mas,, na minha opinião, foi uma boa obra.
Em 2009, Levi decidiu entào atualizar obras de renome da música clássica e lançou um álbum intitulado "Classics". Novamente, parecia como se o compositor não tivesse ideias para escrever músicas completamente do zero. Ele ainda repaginou temas dos primeiros álbuns e músicas religiosas e clássicas. O clima do primeiro disco, que encantava com o mistério e magia, absolutamente não existe no álbum "Classics". Por outro lado, as composições clássicas são bonitas por si só e na maioria das vezes tentar repaginá-las não dá certo; em "Classics", a surpresa é que suas novas versões deram certo e agradaram.
Apesar de toda a minha queixa e saudosismo do primeiro álbum, não faltam fãs de Era pelo mundo. Os tempos em que eu pensava ser a única pessoa que amava a música desse tipo passaram. Há um grande número de pessoas que entendem a magia de Era: trata-se de magia e religião, principalmente, e é por isso que o mais provável é encontrar fãs de Era pela América do Sul ou na Rússia - países que tem intensa expressividade religiosa.
Era utiliza linguagem universal e faz com que sua mensagem chegue a todos, embora diferentes ouvintes recebam suas produções de forma extremamente variada. Pessoalmente, eu ainda tenho o primeiro álbum de Era quase como uma bíblia sonora da magia e do misticismo, que trago comigo até os dias atuais.