4 Maneiras de Transformar o Mundo a partir da Infância (ou como os Livros Infantis sobre a Diversidade Importam)
Quem já leu para ou com uma criança - pai, membro da família, professor ou amigo - sabe que os livros deixam impressões duradouras. Além dos benefícios educacionais, os livros têm um efeito poderoso nos leitores: eles expandem o conhecimento, estimulam a empatia e a ação na juventude.
Os clássicos da literatura infantil, como os Contos de Grimm ou O Pequeno Príncipe, sempre ocupam um lugar especial nas prateleiras de todes os pequenes leitores. Entretanto, a maioria dessas histórias tende a compartilhar algo em comum: falta de diversidade. As personagens, o conteúdo ou os criadores geralmente se encaixam nos moldes tradicionais: homens, brancos e heterossexuais.
O problema disso é que crianças de grupos minoritários - sejam elas crianças indígenas ou negras, com alguma desabilidade motora ou ainda crianças LGBTQ+, por exemplo - não se vêem retratadas na literatura nem vêem pessoas como elas serem bem-sucedidas. Da mesma maneira, embora população negra represente mais de 50% da população, estatísticas recentes mostram que o número de livros infantis com personagens negros tem girado em torno de 10% nos últimos anos.
Por esse motivo que a discussão sobre a importância da diversidade na literatura se tornou muito mais intensa nos últimos anos. Recentemente, ainda, a conversa - impulsionada pelas diversas outras discussões sociais do momento que vivemos - foi além de olhar para a diversidade de personagens dos livros, mas também na diversidade dos autores e autoras por trás deles.
Mesmo quando personagens inclusivos são criados por autores do grupo majoritário da maneira respeitosa, ainda existe ali uma nuance de autoridade: o escritor ou escritora fala sobre o que imagina ser o lugar daquela personagem e não a partir de suas experiências vividas. Embora não haja nada errado com autores escrevendo fora de suas próprias experiências de vida, é mais provável que sua falta de vivência direta sobre as questões retratadas leve a estereótipos prejudiciais e pontos de vista limitados.
Por outro lado, livros escritos por aqueles que estão ou que vêm desses lugares minoritários têm uma riqueza a mais justamente porque o autor compartilha sua própria identidade com o personagem.
Nos Estados Unidos, por exemplo, houve um reconhecimento deste problema e um clamor nos mundos da educação e literatura para resolvê-lo. Um artigo recente do New York Times perguntou: "Onde estão as pessoas de cor nos livros infantis?" e o conceito de que "precisamos de livros sobre as diversidades" evoluiu rapidamente de uma hashtag para uma organização não-governamental que atua sobre essas questões, fazendo com que, em 2015, os livros infantis vencedores da Medalha John Newbury apresentassem aspectos de diversidade. Da mesma maneira, a Fundação Coretta Scott-King promove, todos os anos, uma premiação dedicada a publicações infantis e infanto-juvenis que sejam escritos e/ou representem personagens negros neles.
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